Dolo sem vontade e a filosofia da linguagem
Palavras-chave:
dolo sem vontade; domínio da técnica; intenção; jogos de linguagem; filosofia da linguagem.Resumo
No artigo "Dolo sem vontade", Luís Greco abandona o elemento volitivo do dolo, por considerá-lo um dado empírico inacessível a terceiros, e define o elemento cognitivo do dolo como domínio ou controle do fazer e de suas eventuais consequências pelo autor, mas contraditoriamente estabelece a representação mental da alta probabilidade do perigo como critério de correção. Neste artigo, usaremos as ferramentas conceituais da filosofia da linguagem para mostrar que: (i) nem o conhecimento, nem a vontade são fenômenos psíquicos; (ii) o domínio do curso causal é um pressuposto de existência da ação, e não um elemento do dolo; (iii) há uma confusão conceitual sobre os usos das palavras representação, voluntariedade, desejo, finalidade e intenção; (iv) a dogmática penal é uma filosofia, e não uma ciência, porque seu objeto são as razões para decidir, não as causas dos fenômenos. Ao final, propomos uma interpretação integralmente normativa dos dois elementos do dolo a partir das noções de domínio de uma técnica, jogos de linguagem e compromisso com a produção do resultado.
Downloads
Referências
AMBOS, K. Direito Penal Nacional-Socialista: continuação e radicalização, Tirant Lo Blanch, São Paulo, 2020.
BUSATO, P. C. & DALL’AGNOL DE SOUZA, E. E. “Uma abordagem crítica à noção de verdade jurídico-penal a partir da análise da linguagem”, Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, v. 24, n. 2, 2023.
BUSATO, P. Direito Penal: Parte Geral, 6ª ed., Tirant lo Blanch, São Paulo, 2022.
CABRAL, R. Dolo y Lenguaje, Tirant lo Blanch, Valencia, 2017.
DESCARTES, R. Meditaciones Metafísicas, Alfaguara, Madrid, 1977.
DESCARTES, R. Princípios da Filosofia, Rideel, São Paulo, 2007.
FLETCHER, G. Aproximación intersubjetiva al concepto de acción, Conferência proferida na Universidad Pablo de Olavide, Sevilla, España, 1998.
GARCÍA SUÁREZ, A. La lógica de la experiencia: Wittgenstein y el problema del lenguaje privado, Tecnos, Madrid, 1976.
GRECO, L. “Dolo sem vontade”, em SILVA DIAS, A (Coord.), Liber Amicorum de José de Sousa e Brito, Almedina, Coimbra, 2009.
HABERMAS, J. Teoría de la acción comunicativa, V. I: Racionalidad de la acción y racionalización social, Taurus, Madrid, 1987.
HABERMAS, J. Verdad y justificación, Trotta, Madrid, 2002.
HASSEMER, W. Los elementos característicos del dolo, Centro de. Publicaciones del Ministerio de Justicia, Madrid, 1990.
HEBECHE, L. “O conceito de imaginação em Wittgenstein”, Nat. hum. [online], v. 5, n. 2, 2003.
HEBECHE, L. A filosofia sub specie grammaticae: curso sobre Wittgenstein, Ed. UFSC, Florianópolis, 2016.
HEBECHE, L. O mundo da consciência: ensaio a partir da filosofia da psicologia de L. Wittgenstein, EDIPUCRS, Porto Alegre, 2002.
JAKOBS, G. Derecho Penal: Parte General (Fundamentos y teoría de la imputación), Marcial Pons, Madrid, 1997.
KANT, I. Fundamentación de la metafísica de las costumbres, El Ateneo, Buenos Aires, 1951.
PUPPE, I. “Homicídio doloso mediante corridas ilegais? Comentários sobre o ‘Racha em Berlim’”, Revista do Instituto de Ciências Penais, Belo Horizonte, v. 6, n. 2, 2021.
PUPPE, I. A distinção entre dolo e culpa, Manole, Barueri, 2005.
RAGUÉS I VALLÈS, R. “Dolo sem conhecimento? Reflexões sobre a condenação de Lionel Messi por sonegação fiscal”, Revista do Instituto de Ciências Penais, Belo Horizonte, v. 7, n. 2, 2022.
RAMOS VÁZQUEZ, J. A. “Solipsismo e incongruência no debate sobre sentimentos e direito penal”, em PERUZZO JÚNIOR, L. & BUSATO, P. (org), Direito penal e filosofia da linguagem: ação, intencionalidade e norma penal, 1ª. ed., Tirant lo Blanch, São Paulo, 2022.
RAMOS VÁZQUEZ, J. Concepción significativa de la acción y teoria jurídica del delito, Tirant lo Blanch, Valencia, 2007.
RYLE, G. El concepto de lo mental, Paidós, Barcelona, 2005.
SOUZA, M. J. A. “Filosofia da mente de Wittgenstein: parâmetros gramaticais e conceitos psicológicos”, Revista Perspectiva Filosófica, v. 41, 2014.
VIVES ANTÓN, T. Fundamentos del Sistema Penal, 2ª ed., Tirant lo Blanch, Valencia, 2011.
VIVES ANTÓN, T. Pensar la libertad, Tirant lo Blanch, Valencia, 2019.
WELZEL, H. Más allá del derecho natural y del positivismo jurídico, Universidad Nacional de Córdoba, Córdoba, 1962.
WITTGENSTEIN, L. Da Certeza, Edições 70, Lisboa, 2012.
WITTGENSTEIN, L. Investigaciones Filosóficas, Editorial Crítica, Barcelona, 1988.
WITTGENSTEIN, L. The Big Typescript: TS 213, Blackwell Publishing, Oxford, 2005.
WITTGENSTEIN, L. Zettel, Instituto de Investigaciones Filosóficas, Cidade do México, 2007.
WITTGENSTEIN. L. Diario Filosófico (1914 – 1916), Editorial Ariel, Barcelona, 1982.
Downloads
Publicado
Versões
- 2024-04-02 (2)
- 2024-03-30 (1)
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Bruno Cortez Tottes Castelo Branco, Paulo César Busato

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Those authors who have published with this journal, accept the following terms:
The authors cede all their copyrights to the magazine Cadernos de Dereito Actual, which will be in charge of disseminating and always quoting the author.
The authors agree not to send the article or publish it in another magazine.
The authors are allowed and recommended to disseminate their work through the Internet (e.g., in institutional telematic archives or on their website) before and during the submission process, which can produce interesting exchanges and increase the number of citations of the published work, provided that reference is made to Cadernos de Dereito Actual.
All contents published in the magazine are protected under a "Creative Commons - Attribution - Non-Commercial" license. Everyone has the right to freely access the contents of the magazine.