Trabalho Escravo Contemporâneo e a Pandemia SARS-COV-2: Reflexões sobre o Biopoder, a Biopolítica e a Necropolítica

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Resumen

O presente artigo tem por objetivo realizar uma análise crítica e reflexiva sobre a omissão discursiva e, consequentemente prática, na negação do trabalho escravo contemporâneo (TEC), ao não retratar objetivamente a existência dessa população de vulneráveis - trabalhadores escravizados em seus diferentes modos típicos, durante a elaboração do arcabouço legislativo brasileiro publicado para o combate à pandemia da Covid-19. A metodologia utilizada neste artigo é composta pela pesquisa documental, bibliográfica, cartográfica e dados estatísticos do Brasil fornecidos pelo Ministério da Saúde e IBGE. Fundamentado nesta realidade, constata-se que a população de trabalhadores que são reduzidos à condição análoga à de escravo faz parte do conjunto de vulneráveis, no entanto, com o vitupério de estarem segregados das garantias de liberdade e dignidade da pessoa humana. Os trabalhadores escravizados contemporâneos mais uma vez encontram-se à margem da sociedade, a partir da ciberpolítica implementada que resulta em barreiras ao acesso e exclusão de muitos que necessitariam deste aporte de sobrevivência em tempos de pandemia.

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Biografía del autor/a

MARCELO SILVA, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

Economista no Departamento de Planejamento Estratégico (DPE) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) de Foz do Iguaçu – PR, Brasil. É Doutor em Sociedade, Cultura e Fronteiras na Universidade do Oeste do Paraná (UNIOESTE) de Foz do Iguaçu – PR, Brasil. Mestre em Administração de Marketing pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Especialista em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Medianeira, PR, Brasil. Graduado em Economia pela Universidade São Judas Tadeu (USJT) de São Paulo, SP, Brasil.

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Publicado

14-12-2020

Cómo citar

SILVA, M. (2020) «Trabalho Escravo Contemporâneo e a Pandemia SARS-COV-2: Reflexões sobre o Biopoder, a Biopolítica e a Necropolítica», Cadernos de Dereito Actual, (14), pp. 256–276. Disponible en: https://cadernosdedereitoactual.es/ojs/index.php/cadernos/article/view/561 (Accedido: 28 marzo 2024).